20 junho 2011

Everything in its right place


Domingo às 23hrs, o que tu estavas fazendo?
As anotações na minha agenda cobriam toda a superfície do papel com compromissos acadêmicos e prazos inadiáveis que cobravam minha consciência de não estar cumprindo nenhum dos tópicos que eu anotei há um mês.
E então?
Adiei mais um pouco. Tinha sede da lua, das gotas fracas de chuva, fome de não fazer o que eu deveria estar fazendo, vontade de estar no lugar errado, desejo de ir até onde eu sei que não podia.
Foram muitas as vezes que esse meu nadar contra a corrente me rendeu noites sem dormir, tentando recuperar o tempo que eu gastei ao ficar conversando em um banquinho de praça com minha parceira de blog ou devorando meus Morangos Mofados. Noites angustiantes em que o "preciso terminar preciso terminar preciso terminar preciso" martela até eu me prometer que não, nunca mais vou deixar tudo pra cima da hora. Promessa esta que eu esqueço pela manhã.
É o meu espírito, eu te digo. Quais serão teus argumentos se eu te disser que estou fazendo justamente o que eu quero? Tu desejas o mesmo.
"Tua vida seria mais fácil se cumpristes tudo como deves."
E quem disse que eu quero uma vida mais fácil?
Vem, me dá a mão.

Domingo, 23hrs e nós caminhávamos pelas ruas desertas sem nos importarmos com a hora de voltar pra casa.


9 comentários:

Ágda Santos disse...

Tu, sempre linda com teus morangos mofados.
Tu, sempre leve com as palavras, com teu jogo de palavras.
Tão simples, tão lindas, tão complicadas.

"preciso terminar preciso terminar preciso terminar preciso"

Acredito que mesmo se cumprisse todas as metas, haveria algo que teria de ser sacrificado e aqui no caso tu sabes o que é.

Então, acredito que sacrificar algumas horas de sono pra terminar o que se deve vale a pena.
Basta olhar pra trás, ouvir de novo o riso fácil, a piada tosca, a bebida gelada, aquele almoço delicioso, o cafezinho da manhã, a brisa da madrugada, o dia de sol, a música, o corre-corre...

Umas horas de sono a menos valem muito a pena depois de pensar nisso. E claro, lembrar que está acabando.
Tudo vai se acabando aos poucos.

Anônimo disse...

Olá,

Parabéns pela postagem, texto interessante. "Morangos Mofados", se for do Caio, mostra o quanto tem bom gosto literário. Alias, não somente você, mas a parceira de blog Ágda, acho que os textos se complementam retratam o próprio cotidiano, com muitas interrogações,questionamentos da juventude nesta fase da vida.

Mais uma vez parabéns e continuem assim. Eu não gosto de blog, mas este paro um pouquinho pra ler. Obrigado por proporcionar uma leitura diferente.

Denis Nunes

Juliana Cimeno disse...

Bom. Oi.
Eu ia procurar um post da Agda pra comentar, porque eu só conheço ela aqui XD. Mas gostei do texto logo de cara.


Antes de falar do texto, eu também queria dizer que AMEI o layout. Simples, colorido, e com uma cara de "Maria", sabe? (a Agda sabe rsrs)


Eu tenho a impressão de que essa sensação que você descreve é uma coisa muito comum hoje em dia. Vivemos atrasados. Vivemos perdendo as coisas. Vivemos devagar.
Sem perceber que é coisa demais para um viver só.


Parabéns. E até mais!

Eu disse...

Você escreve de forma quase profissional e assustadoramente bem, até mesmo para uma profissional.
Mais uma vez, muito bom o post. :D

elcio garcia junior disse...

não tem como duvidar que você escreve maravilhosamente bem nathy! Gostei, até porque sou desse jeito, quantas noite eu sai para satisfazer o meu desejo de não fazer o que tinha que fazer, e depois passei madrugadas acordados querendo parar o tempo para eu terminar, com a promessa de que nunca iria fazer isso de novo. Isso é um grande o dilema, mais sempre estaremos dando um tempo a tudo e curtindo tudo aquilo que queremos,porque no fundo só queremos viver a vida!

zildete melo disse...

E eis que a lagarta deixa, enfim, o casulo e se revela essa borboleta multicor!Demorou! O blog tá lindo!

Dayane Felício disse...

Oi Nathy!! estou aqui comentando atrasado porque estava justamente fazendo aquelas coisas que foram adiadas tantas vezes mas que não poderiam mais ser adiadas e não pude comentar antes.

Me identifiquei demais com o texto. Eu sempre tenho sede de fazer tudo menos aquilo que deveria estar de fato fazendo, e nesse caso o jeitinho brasileiro de deixar tudo pra última hora fala mais alto. Mas deixar as coisas pro último momento também tem um lado positivo, de nos testarmos a cada novo desafio.

Quando li esse post só pude pensar em uma música que gosto muito e que se encaixa perfeitamente nesse tema. Acho que fazermos aquilo que gostamos e desfrutarmos dos pequenos prazeres da vida mesmo que seja em uma hora inadequada também faz parte de viver a vida com emoção. Renato Russo nos entendia:

"Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo..."

"E o que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...
Tão Jovens! Tão Jovens!...

Temos nosso próprio tempo!
Temos nosso próprio tempo!
Temos nosso próprio tempo!"

Puma Azul disse...

Fala sério, vc estava lá, confessa !!!

Lá em casa, vendo tudo que eu "não" fazia...

Nathy,
não é questão de texto, é de alma. Quando a gente é verdadeiro com o que diz, acaba expressando um pensamento maior, que contempla todo mundo de alguma maneira. É isso que vc e tua colega fazem, se conectam com a gente...

Eu sempre penso a respeito daqueles que escolhem mentir, pra conseguir alcançar algum objetivo, sei lá... A mentira é tão frágil que acaba enganando mesmo é quem faz uso dela. Um pouquinho mais de inteligência e todo mundo só falaria a verdade, só viveria momentos verdadeiros, de tirar o fôlego... como os que vcs compartilham com a gente.

Tô adorando esse blog !!!

Kyw.

Srta. Clichê! disse...

Rá! Pela degustação, vejo que a outra escritora do blog gosta de CFA.
Ô delícia!