01 junho 2014

Café Frio

Encontrar alguém que fale mal do seu café é como achar pão-de-queijo borrachento: muito fácil. Mas uma crítica ao café nesses tempos que não são de cólera, mas de pura falta de bom senso, tem que ser feita com maestria e carregada de referência. Pra assim defender sua carga cultural ou ideologia, se essa estiver presente no momento.
Não se aplica a tudo, afinal, paladar não precisa de ideologia para existir. E café ruim também não.
Relembro os vários cafés que bebi durante o ano passado. Querer lembrar de todos seria forçar a boa memória que não tenho. Por isso escrevo. Pra mim não existe isso de “recordar é viver”. Escrever sim, é viver. Ou navegar. Vai de cada um. Pois bem, relembro os vários cafés que bebi durante o ano passado. Comprar café na rua é uma grande aventura. Você não conhece nem um pouco o processo daquele café e mesmo assim, o compra, sem piscar. Café sem cor, café com gosto de qualquer outra coisa, café plastificado.
Na casa de algum amigo, ou seja lá de quem for, você aceita por educação. O calor escorrendo por suas costas, mas o café vem acompanhado de um sorriso e prosa boa. Aceita por vício também. Acho que muito mas por vício. Conheço gente por aí que pede mais de um e reclama a ausência de bolinho. Calma lá, amigo. A inflação tá bem mais alta que nosso pagamento.

Não foi ano passado, agora recordo bem, não sei quando foi. Só sei que é a melhor companhia para um café. A mente tem essas crias de imagens e sons que não nos pertencem. Mas lembro-me que houve uma conversa tão boa que o café ficou frio. E nem penso em largar esses cafés.

05 maio 2014

Terra do Dragão


[Já escutei e li muito “go west”]

Mas se você for analisar melhor, ir para o oeste não é o melhor a ser feito.

[exceto se ele te levar pro lado oriental do mundo]

 O Oeste, ou melhor, o Ocidente. O Ocidente pode ter sido chamado algumas vezes de Paraíso ou terra da felicidade. Terra nova, cheia de oportunidades, pessoas corajosas etc etc etc.  

[eu não me encaixo aqui nesse lado do mundo. quem sabe do lado de lá?]

O Ocidente não é a terra da felicidade. As religiões do ocidente não pregam a felicidade. Somente o sofrimento. E eu só quero a felicidade. Eu quero Butão!

[felicidade pode ser muita coisa. hilário é escolher Butão]

Faz alguns meses que pratico Yoga, bom, não com a frequência que me agradaria ou que traria melhores resultados no meu corpo e mente. Mas os poucos dias que consigo ir são maravilhosos. E de onde vem? Isso mesmo, do Oriente.

[pra quê tanta divisão?]

Mas o problema não é com o Oriente, é comigo mesma. Sempre preguiçosa e acomodada. Quando surge algo que exija um pouco mais de esforço eu já estou mudando a rota. Ultimamente isso tem mudado. Tenho uma heroína na China. Ela é louca. Quero alcançar a loucura dela.

[go west]

Mas, infelizmente, não posso negar minha paixão pelo Ocidente.

[é o que você conhece]


 O Oriente entra como aquele ponto desconhecido que não gosto de ter. Aos poucos vai se achegando e se encaixando nas minhas rotas e pesquisas. Bem aos poucos. Ser onde o sol nasce deve significar muita coisa, apesar de eu ter preferência ao pôr-do-sol.

06 março 2014

When you're strange


Acordei lembrando de uma madrugada em que estávamos escutando músicas aleatórias e uma delas foi aquela, do Ritchie. Você lembra? Acho que foi a foto de um amigo que inspirou nosso embalo em músicas antigas numa madrugada qualquer. Bom, não qualquer.
Nós rimos tanto. Fizemos umas coreografias tortas e vieram mais e mais músicas.
Parece outra dimensão aquele tempo.

Creio ser mais certa essa saudade, que é diferente da saudade que sentimos de nossa amiga do Caminho das Chinas. Que é diferente da saudade de nossas próprias viagens, que é diferente e sempre vai ser diferente de seja lá o que for. É diferente pra mim, é diferente pra você e pra você também que está lendo isso aqui e tenta se encaixar em alguma frase.
Quando olho pra esse nosso cantinho, vem esse trechinho do The Doors na cabeça:

"When you're strange, faces come out of the rain
When you're strange, no one remembers your name
When you're strange, when you're strange, when you're strange"

E eu sei que você entende bem a sensação.




(eu vou tirar a teia de aranha desse lugar e vou levar o pó pra ficar comigo e não me interessa o que os outros vão pensar. Vida longa ao Good Times, Oskar)