21 janeiro 2015

da maior importância


Não é tarde e nem cedo para dizer que estou com saudades de vocês. Não é tarde e nem cedo pra ver que por mais longe que estejamos, de algum modo esse laço, nó, cola, grude sei lá o que seja isso... Continua firme e forte.
Os anos vão passando e a gente segue nossa vida, nossos sonhos e aqueles planos rabiscados na bagunça que é nossa mente. Cada uma de nós abraça o mundo de um jeito. Seja com pernas longas, curtas ou passos de formiga.
E a gente vai levando. Seja na praia, no rio ou montanha. Gal toca ao fundo, o sol tá escondido nas nuvens, há poucas chances de ver o pôr-do-sol hoje. Mas a gente sabe que estará lá. É essa a essência. E a gente não precisa explicar qual é a importância nisso para ninguém. 
Nem pra nós mesmas.
E cada uma de vocês tem um jeito peculiar de dizer que é pra eu continuar andando. Correndo. Voando. Nunca parar. Nunca secar. Nunca ficar. Livros, filmes, músicas, fotos. Tem todo um amontoado de coisas e referências que a gente vai acumulando no querer e sem querer. Com compromisso e de bobeira na praia.
Os anos estão passando e a gente ta aí, nessa de coração vagabundo e aos poucos a gente vai guardando o mundo em nós.

"Suplicávamos o infinito. Só nos deram o mundo."
 — Cecília Meireles

01 junho 2014

Café Frio

Encontrar alguém que fale mal do seu café é como achar pão-de-queijo borrachento: muito fácil. Mas uma crítica ao café nesses tempos que não são de cólera, mas de pura falta de bom senso, tem que ser feita com maestria e carregada de referência. Pra assim defender sua carga cultural ou ideologia, se essa estiver presente no momento.
Não se aplica a tudo, afinal, paladar não precisa de ideologia para existir. E café ruim também não.
Relembro os vários cafés que bebi durante o ano passado. Querer lembrar de todos seria forçar a boa memória que não tenho. Por isso escrevo. Pra mim não existe isso de “recordar é viver”. Escrever sim, é viver. Ou navegar. Vai de cada um. Pois bem, relembro os vários cafés que bebi durante o ano passado. Comprar café na rua é uma grande aventura. Você não conhece nem um pouco o processo daquele café e mesmo assim, o compra, sem piscar. Café sem cor, café com gosto de qualquer outra coisa, café plastificado.
Na casa de algum amigo, ou seja lá de quem for, você aceita por educação. O calor escorrendo por suas costas, mas o café vem acompanhado de um sorriso e prosa boa. Aceita por vício também. Acho que muito mas por vício. Conheço gente por aí que pede mais de um e reclama a ausência de bolinho. Calma lá, amigo. A inflação tá bem mais alta que nosso pagamento.

Não foi ano passado, agora recordo bem, não sei quando foi. Só sei que é a melhor companhia para um café. A mente tem essas crias de imagens e sons que não nos pertencem. Mas lembro-me que houve uma conversa tão boa que o café ficou frio. E nem penso em largar esses cafés.

05 maio 2014

Terra do Dragão


[Já escutei e li muito “go west”]

Mas se você for analisar melhor, ir para o oeste não é o melhor a ser feito.

[exceto se ele te levar pro lado oriental do mundo]

 O Oeste, ou melhor, o Ocidente. O Ocidente pode ter sido chamado algumas vezes de Paraíso ou terra da felicidade. Terra nova, cheia de oportunidades, pessoas corajosas etc etc etc.  

[eu não me encaixo aqui nesse lado do mundo. quem sabe do lado de lá?]

O Ocidente não é a terra da felicidade. As religiões do ocidente não pregam a felicidade. Somente o sofrimento. E eu só quero a felicidade. Eu quero Butão!

[felicidade pode ser muita coisa. hilário é escolher Butão]

Faz alguns meses que pratico Yoga, bom, não com a frequência que me agradaria ou que traria melhores resultados no meu corpo e mente. Mas os poucos dias que consigo ir são maravilhosos. E de onde vem? Isso mesmo, do Oriente.

[pra quê tanta divisão?]

Mas o problema não é com o Oriente, é comigo mesma. Sempre preguiçosa e acomodada. Quando surge algo que exija um pouco mais de esforço eu já estou mudando a rota. Ultimamente isso tem mudado. Tenho uma heroína na China. Ela é louca. Quero alcançar a loucura dela.

[go west]

Mas, infelizmente, não posso negar minha paixão pelo Ocidente.

[é o que você conhece]


 O Oriente entra como aquele ponto desconhecido que não gosto de ter. Aos poucos vai se achegando e se encaixando nas minhas rotas e pesquisas. Bem aos poucos. Ser onde o sol nasce deve significar muita coisa, apesar de eu ter preferência ao pôr-do-sol.

06 março 2014

When you're strange


Acordei lembrando de uma madrugada em que estávamos escutando músicas aleatórias e uma delas foi aquela, do Ritchie. Você lembra? Acho que foi a foto de um amigo que inspirou nosso embalo em músicas antigas numa madrugada qualquer. Bom, não qualquer.
Nós rimos tanto. Fizemos umas coreografias tortas e vieram mais e mais músicas.
Parece outra dimensão aquele tempo.

Creio ser mais certa essa saudade, que é diferente da saudade que sentimos de nossa amiga do Caminho das Chinas. Que é diferente da saudade de nossas próprias viagens, que é diferente e sempre vai ser diferente de seja lá o que for. É diferente pra mim, é diferente pra você e pra você também que está lendo isso aqui e tenta se encaixar em alguma frase.
Quando olho pra esse nosso cantinho, vem esse trechinho do The Doors na cabeça:

"When you're strange, faces come out of the rain
When you're strange, no one remembers your name
When you're strange, when you're strange, when you're strange"

E eu sei que você entende bem a sensação.




(eu vou tirar a teia de aranha desse lugar e vou levar o pó pra ficar comigo e não me interessa o que os outros vão pensar. Vida longa ao Good Times, Oskar)

07 novembro 2013

note nº21


I know how you feel
I'm here
"I'll be there for you"

And no need to call, anyway, I'm on your side.

03 setembro 2013

Fuga nº 4 Changchun

photo: Nathy

Lembro daquela peça de teatro que foi baseada num conto do Caio Fernando Abreu. Naquele exato momento em que os atores fazem um exercício corporal de ir de encontro e desviar, desviar e ir de encontro e sempre, sempre, sempre ligados.

Sem cair no chão.

Isso me faz lembrar automaticamente de várias vezes que fui ao teu encontro, você veio até mim e sei lá, desde sempre estivemos ligadas. E sem mais precisar cair no chão. Exceto daquelas vezes em que rolávamos no chão de tanto rir. Rir até chorar. Rir até doer a barriga. Rir até faltar o ar.

Rir até perceber que só rimos assim quando estamos juntas.

Tem sido difícil ter o nosso tempo, acertar os ponteiros, os assuntos, as loucuras, as angústias... Os velhos cafés. Talvez o tempo - destino ou seja lá o que essa vida for - tenha sido criado por uma "criança que tomou LSD". É uma sensação de que o tempo passa muito rápido e ao mesmo tempo está parado. Nesse álbum novo do Cícero da pra ver isso.

É aquele fim de tarde que sempre íamos pro bosque, ver o pôr-do-sol, uma música tocava de leve (com certeza era um prelúdio desse álbum do Cícero), uma cerveja pra molhar a garganta e um desejo no fundo do nosso peito de fazer várias coisas, de gritar pro mundo que queremos ele inteiro, de correr com o pé no chão, arranhar um violão, rabiscar um poema num guardanapo qualquer, de ser quem a gente quiser.

Mas é tão difícil ser quem a gente quer.

Acabamos ficando estáticas nesse fim de tarde de sábado, cada uma na sua cidade, uma dorzinha no peito, lutando pra fazer um pouco do que gostamos, tentando achar nosso lugar no mundo.

Mas sem cair no chão.


10 agosto 2013

Onze



Aquela conversa toda de não se apaixonar por não ter tempo pra outra pessoa é a conversa mais fiada que já tive em toda essa vida.
E de flores de guardanapo do bar partimos para as bem vermelhas e com perfume melhor que o das cervejas. E promessa nenhuma é feita. Não é necessário. Um olhar, um toque. Ficou selado em nós o que toda a humanidade procura.
Os versos que te escrevo ainda não são capazes de demonstrar todo esse amor que transborda pelos meus poros atrás e por ti. Então, através de outras mãos e corações tento te alcançar. De todos os meios possíveis. Sejam eles flores de guardanapo, de verdade, bombons, churros, fotos, poemas quebrados, trocados, bagunçados, leões descabelados.

"A minha herança pra você é o amor capaz de fazê-lo tranquilo, pleno, reconhecendo no mundo o que há em si.
E hoje nos lembramos sem nenhuma tristeza dos foras que a vida nos deu. Ela com certeza estava juntando você e eu."