06 janeiro 2013

tout va bien

Jack, 
quebre as economias do porco e bota a mochila nas costas. É isso, irmão. 
Esse ano tá sendo uma loucura, cheio de lágrimas, de bolsos vazios, de amigos distantes, de línguas diferentes, de longas caminhadas sozinho. Mas eu experimentei uma cerveja belga na Bélgica, cara (comprei uma pra você, mas... enfim, te conto pessoalmente), e fui naquele café francês, do filme francês que você adora, aquele com a personagem do cabelo curto, não me lembro o nome agora.
Passei um bocado de frio também, Jack, mas eu digo um frio-não-físico. Digo o frio de enfrentar um monte de coisas pela primeira vez, e na droga da companhia de mim mesmo.
Mas deu certo, isso eu te digo, deu certo.
Molhei o último postal que ia te mandar, e, pasme, essa carta é a maneira mais fácil pra mim de me comunicar, vendi o celular (depois me lembre de te contar dessa história também!).
Meu trem sai daqui a 10 minutos e eu tenho que me despedir agora. Ouvi falar que esse trem passa ao lado de uma estradazinha, no meio dessas florestas que a gente só vê em filme, acho que vai ser uma viagem bonita, vou tirar umas fotos pra você.
Me espera daqui a um mês, naquela esquina que tem o boteco do seu João, certo? Devo chegar no final da tarde. Vamos ver o pôr do sol.



Sal.


"Continuei, como fiz toda a minha vida, quando as pessoas se interessam por mim.

As únicas pessoas que se interessam por mim são os loucos.
Os que têm loucura de viver, a loucura de falar. Os que desejam tudo a um só tempo.
Quem jamais é tedioso, nem diz trivialidades.
Mas que arde, 
arde, 
arde 
como velas romanas pelas noites."
(On the Road)

2 comentários:

Ágda Santos disse...

essa citação é uma das minhas favoritas, cara.
O livro se tornou um dos favoritos como tantos outros que você trouxe à minha vida.

Foi um ano louco, mas valeu.

eu senti esse frio aqui também, mas agora o sol já tá brilhando.

Têreza Augusta disse...

SINTO ESSE FRIO!