De vez em quando tenho um desses dias em que algo muito bom fica programado. Cê sabe como é?
Desses dias em que você espera espera espera imagina espera espera até que
Chega.
Vinte e nove de Dezembro de dois mil e onze.
Só sabia que ia ter um mar molhando os pés e um céu azul clareando a cabeça.
E teve
amor
sorriso
abraço
E porque diabos essas palavras estão no singular?
Tiveram
amores
sorrisos
abraços
e em uma quantidade suficiente pra que ninguém quisesse mais voltar.
O apartamento vinte e nove acabou se tornando um palco.
As apresentações geralmente começavam as onze porque era a hora em que todos estavam sincronizados. Mesa feita. Todos em volta, sem que combinassem nada, sem que fosse hábito fazer isso em casa.
Se preocuparam tanto com a natureza dos mineirais quanto com o rock e pedais.
E perderam as estribeiras no primeiro mergulho naquele mar azul verde azul.
E perderam os celulares.
E esqueceram as havaianas.
E deixaram metade da cabeça lá.
Vamos cozinhar a multa pelos sorrisos até as três da manhã em banho maria, que tal? Mas, aproveite que já tá de pé e coloque a água do cuscuz pra esquentar, tá bem? Já tá na hora de ir a praia.
Não consigo te dizer o que mais marcou não, desculpa.
Foram ladeiras demais, supermercados demais, ônibus demais, e sol e música, e rolés e
v i d a.
Te prometi descrever o que eu vivi. Não consigo. Agora eu te digo o seguinte: só sente quem viveu.
Só sei que teve um céu molhando os pés e um mar zul clareando a cabeça.
E que tenho outro lar.
Apartamento vinte e nove, um dia eu volto, boy.